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Entrevista | Verão catarinense será de alta demanda, analisa Fernando Marcondes de Mattos

Por: Marcos Schettini
25/06/2021 14:45
Arquivo/Lê Notícias

CEO do Costão do Santinho, considerado um dos maiores resorts do Brasil, Fernando Marcondes de Mattos concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e falou dos desafios do setor turístico, que tem sido fortemente abalado nesta pandemia de coronavírus.

Confiante de que haverá uma virada neste cenário, Marcondes analisa que a temporada de verão será de alta demanda, mas com baixa circulação de turistas do exterior. Secretário da Fazenda no Governo Kleinübing, Fernando Marcondes de Mattos tem grande conhecimento da economia catarinense e diz que o Estado tem papel fundamental neste momento crucial para hotéis, bares e restaurantes. Confira:


Marcos Schettini: Em que esta pandemia prejudicou o setor turístico e hoteleiro?

Fernando Marcondes de Mattos: Entende-se por setor turístico: resorts, hotéis, pousadas, bares, restaurantes e uma cadeia de 24 elementos que, em anos normais, gera uma receita de R$ 10 bilhões/ano para Santa Catarina, sendo o setor que propicia maior arrecadação para o Governo Estatual, especialmente através das elevadas alíquotas de ICMS incidentes sobre bebidas e combustíveis (presentes no turismo e deslocamentos). Creio que em 2020 e talvez em 2021 o setor, ao invés de uma receita de R$ 20 bilhões, teve e terá um corte de 50% ficando com algo como R$ 10 bilhões. Uma devastação! Parece que 10.000 empresas fecharam as portas e outras tantas se endividaram por no mínimo 5 anos.


Schettini: Os decretos elaborados pelas autoridades são sensíveis ou irresponsáveis no combate à pandemia?

Marcondes: Numa avaliação de 1 a 10, eu daria nota 7 para o tratamento que deram à saúde e nota 2 pelo que fizeram com o setor econômico.


Schettini: Por que o setor hoteleiro não foi escutado para que os decretos anti coronavírus fossem melhores elaborados?

Marcondes: Entregaram o País, os Estados e os Municípios para os médicos, sanitaristas, infectologistas e outros assemelhados, cuja competência profissional não se discute, mas que de economia e sociologia pouco entendem, muito menos de hotelaria. Se o setor tivesse sido ouvido, os danos certamente seriam reduzidos pela metade.


Schettini: O Sr. foi conselheiro no trade turístico do Estado. Qual sua contribuição?

Marcondes: Fui presidente do Conselho de Turismo do Estado, sem remuneração obviamente, no governo Luiz Henrique da Silveira, meu extremado amigo e meu guru, infelizmente já falecido. Tentei dar um tratamento técnico ao tema tão importante, levando as reuniões do Conselho sempre para o interior. Todavia, não consegui conviver com o então secretário de Turismo e pedi as contas.


Schettini: É correto afirmar que a pandemia poderia ser melhor combatida com distanciamento social e vacinação?

Marcondes: Sem dúvida, vacinação com força total, entretanto, distanciamento aplicado de forma inteligente e não de forma grosseira com foi, sem falar em lockdown, só admissível em casos extremos.

Schettini: O que está sendo preparado para a temporada de verão?

Marcondes: A demanda será muito forte, exceto à do exterior que será próximo a zero. Mas a grande questão é se os poderes públicos vão deixar essa demanda se efetivar ou vão estabelecer limitações para enterrar de vez o turismo em Santa Catarina.


Schettini: LHS foi um governador voltado à arte e ao turismo. O que Carlos Moisés precisa fazer pelo setor?

Marcondes: Luiz Henrique da Silveira foi um ser humano privilegiado com elevada cultura, extraordinária capacidade de trabalho e incomum habilidade para descortinar cenários, não só na política, mas nas artes, na economia (os vinhos e queijos de Santa Catarina eram algumas de suas paixões). O que o governador Carlos Moisés tem que fazer? Diria que deveria reservar 0,5% do orçamento do Estado para turismo para ser aplicado num consistente plano de fortalecimento desse setor. O mesmo deveria fazer com a cultura e esporte, ligados com turismo de forma umbilical. Os três se interagem e se fortalecem mutuamente, num círculo virtuoso de atendimento às necessidades secundárias e espirituais das pessoas.

Schettini: Quem são os culpados?

Marcondes: Quem são os culpados? Responderia que é difícil encontrar um inocente. Mas surgiu um herói neste jogo de incompetências, interesses políticos e ideológicos (tem a turma que torce para quanto pior melhor): o grupo de médicos, enfermeiros e muitos outros que atuou na linha de frente no combate desta severa pandemia. Esse grupo cresceu na opinião pública e tornou-se uma referência para o que Brasil tem de melhor.

Schettini: O presidente Jair Bolsonaro não tem forte culpa na morte de 500 mil pessoas?

Marcondes: O presidente Bolsonaro avaliou mal a dimensão da pandemia e falhou em não incentivar o uso de máscaras, mas teve o grande mérito de manter o país em pé, aplicando R$ 300 bilhões na crise e preparando as bases da recuperação, que já está acontecendo neste ano, que terá um crescimento superior a 5%, como uma das economias gigantes com melhor desempenho no mundo.


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